sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O lúdico na historia 1

Tentar definir o lúdico não é tarefa fácil. Quando pronunciamos a palavra lúdico cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se estar falando de jogos com ou sem regras até o faz de conta.

Tais “brincadeiras” embora recebam a mesma denominação, tem suas especificidades. Por exemplo, no faz de conta, há forte presença da situação imaginaria; no jogo de xadrez, regras padronizadas permitem a movimentação das peças. Brincar na areia, sentir o prazer de fazê-la escorrer pelas mãos, encher e esvaziar copinhos com areia requer satisfação da manipulação do objeto.

Já a construção de um barquinho exige não só a representação mental do objeto construído, mas também a habilidade para operacionalizá-lo.Varias indagações começam a aparecer quando se fala em utilizar o lúdico em sala de aula. Quais os elementos que o caracterizam? Qual sua contribuição no desenvolvimento de habilidades cognitivas da criança?

Quando, por exemplo, se fala em utilizar jogos como dama para ensinar matemática ou quebra - cabeça para ensinar formas geométricas o que prevalece: o jogo ou o ensino?
Um tabuleiro com piões é um brinquedo quando usado para fins de brincadeira. Teria o mesmo significado quando vira recurso de ensino, destinado à aprendizagem de números? É brinquedo ou material pedagógico?

A variedade de fenômenos considerados como lúdico mostra a complexidade da tarefa de defini-lo. Para aumentar a complexidade do campo em questão, os materiais lúdicos, alguns são usualmente chamados de jogos, outros brinquedos. O sério e o fútil.

Em muitos casos, o sentido do lúdico, depende da linguagem de cada contexto social, ou seja, ele assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este aspecto que nos mostra porque, dependendo do lugar e da época o lúdico assume significações distintas.

Em tempos passados, esse ato lúdico era considerado como inútil como coisa não-séria.
Durante muitos anos as crianças divertiam-se com as mesmas brincadeiras dos adultos. Era uma forma de aperfeiçoar os laços afetivos. Essas atividades eram consideradas por um lado da sociedade como algo que viesse a melhorar o meio social. Já outros criticavam e afirmavam que as mesmas eram costumes condenáveis de azar e nocivos a vida social.

Os estudos humanistas da época do renascimento, séculos XI e XII, notificaram a importância dos jogos como atividades que poderiam ajudar na educação das crianças. Então as brincadeiras e os jogos se afirmaram como um meio de preservar os princípios das regras morais. Daí houve uma seleção de jogos e brincadeiras, aconselhável e desaconselhável.

Nessa época a criança era considerada adulta em miniatura. E somente as idéias românticas é que romperam todas as barreiras relacionadas às atividades lúdicas.

Há dois elementos que caracterizam o lúdico: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o individuo de forma intensa, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de euforia e vibração.

Em virtude dessa atmosfera de prazer, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo.São excitantes, mas também requerem um esforço voluntário.

(...) As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais estimulando o pensamento.

(...) As praticas lúdicas integram as varias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que o ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (Teixeira, 1996, p. 23).

Na visão sócio-historica de Vygotsky as brincadeiras, o jogo, são atividades especificas da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Esta é uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

De acordo com o teórico a brincadeira cria para a criança uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão à distância entre o nível atual cognitivo, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de um problema, sob orientação de um adulto mais capaz.

Um comentário:

FalAstron@ disse...

olá! Estou montando um artigo científico a respeito da ludicidade e estou utilizando refer~encias do blog de vocês. Só que gostaria de citar corretamente o nome dos autores dos textos. Como só ecotrei o primeiro nome de vocês no blog gostaria de solicitar a permissão de utilizar citações do blog e se for permitido, colocar a referência correta, com o nome de vocês. Aguardo resposta: clauperuzzi@hotmail.com